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sábado, fevereiro 25, 2006
  A CULPA

Pois é, hp4friends está de volta para inquietar os espíritos de quem o ouve. Depois de uma atribulada época de exames, consigo agora algum tempo para me dedicar ao meu blog.

O tema deste post: A CULPA. Palavra curriqueiramente utilizada no quotidiano, mas que tem pesos e medidas diferentes para cada um, podendo ser reguladora de uma boa conduta moral, de uma vida sem responsabilidade ou então de auto-punição e auto-flagelo. "Uma pessoa que tenha tendência crónica para se culpabilizar por tudo e por nada raramente tira partido dos pequenos prazeres da vida. A culpa excessiva funciona sempre como antídoto para a felicidade e o bem-estar. Anula uma e o outro."

Para já vale a pena abordar algumas facetas da culpa.

Vergonha e a culpa. Embora possam por vezes possam confundir-se, assumem contornos diferentes.
"A vergonha decorre em linha recta de um sentimento mais ou menos profundo de inferioridade, e a culpa nasce da transgressão moral, social e material.
A vergonha provoca o medo de não ser aceite pelos outros ou, até, o pânico de ser rejeitado, enquanto a culpa encerra em si a angústia do castigo, seja a sanção de terceiros ou a autopunição." (...) "Voltando à vergonha e à culpa aquilo que nos recupera aos nossos olhos e perante o olhar dos outros também é distinto. Enquanto a culpa pode ser reparada através de um castigo ou de uma atitude de autopunição, a vergonha desfaz-se no momento em que recebemos um olhar humanizante do outro. Este olhar condescendente é o olhar de quem dissocia a pessoa dos seus actos e o único que permite recuperar a confiança. Mais do que o perdão que envolve a culpa, trata-se de um olhar de aceitação sem julgamento."


Mania do perfeccionismo.
"O perfeccionismo é, quase sempre, um ideal invivível. Estabelece patamares tão altos e objectivos tão inatingíveis que facilmente se converte numa fonte de frustração. Pior, numa fonte de paralisia, pois o facto de não conseguirmos alcançar os nossos objectivos impedede-nos de avançar. Dito de uma forma corrente, "o óptimo é inimigo do bom" e vale a pena insistir neste ponto, pois a excelência não pode nunca revelar-se numa medida perversa.
Todos temos a experiência diária de sermos chamados a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, a tomar decisões em cima dos aconteceimentos e a sermos obrigados a atrasar o passo quando nos apetecia acelerá-lo. E é justamente porque a vida nunca é como gostaríamos que fosse e nos exige uma adaptação permanente às circunstâncias de cada momento, que devemos baixar a fasquia do perfeccionismo e tentar apenas fazer o melhor possível. Esta atitude permite duas coisas muito efectivas: por um lado favorece a eficácia e, por outro, potencia em nós o sentimento de que somos capazes de vencer desafios. Como se trata de sentimentos positivos, eles funcionam como atenuantes para eventuais culpas que pudéssemos ter por não termos conseguido fazer as coisas de forma perfeita."

A culpa nem sempre é nossa, nem sempre é má, cabe-nos a nós o devido discernimento para saber distinguir o que é o razoável, e vivermos de acordo com ele.


Baseado na revista XIS do Jornal PÚBLICO.
Texto: Laurinda Alves


 

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